A lagoa de Óbidos.
A Foz do Arelho é uma localidade que fica junto ao mar, na margem Norte da lagoa de Óbidos e a cerca de 8 Km das Caldas da Rainha. O areal da praia da Foz do Arelho estende-se entre a “aberta” da lagoa de Óbidos (canal de ligação da lagoa com o mar) e o início da Serra do Bouro (zona rochosa a norte). Na margem sul da lagoa de Óbidos, também junto ao mar, fica a aldeia do Bom Sucesso. A partir desta localidade estende-se, para Sul, um areal com mais de dez quilómetros até ao Baleal, já próximo de Peniche.
Para além da grande diversidade de moluscos bivalves (berbigão, amêijoa, lingueirão e mexilhão) que habitam na lagoa de Óbidos, esta é também rica em vermes anelídeos (casulo, “grilo” e minhoca da lagoa) e moluscos (chocos, por exemplo). Esta abundância de alimentação constitui um factor importante para a fácil reprodução e crescimento de robalos, douradas e outras espécies na lagoa.
De ano para ano tem-se notado um decréscimo considerável das capturas de robalos (não só devido à poluição e assoreamento da lagoa, mas também ao aumento da pressão de pesca não selectiva), mas apesar disso, muitos são os pescadores que costumam frequentemente tentar a sua sorte ao corrico. Convém, pois, que face à situação de ruptura, sejam devolvidos à água todas as espécies que não tenham as medidas mínimas legais, optando-se assim por uma pesca selectiva e consciente.
A época alta da pesca ao corrico do robalo na Foz do Arelho, costuma ser em Abril/Maio e Setembro/Outubro, ocorrendo também a pesca de grandes exemplares entre Janeiro e Março, no período da desova. Especialmente durante o final do Verão, muitos são os pescadores que todos os anos lá vão passar férias e matar saudades dos amigos e da pesca.
O corrico consiste no lançamento sistemático de uma amostra artificial e no recolher de forma continuada da mesma, que faz com que a amostra “trabalhe”, isto é, faz com que ela produza um movimento análogo ao de um peixe vivo e que atraí o robalo. Esta técnica de pesca apenas funciona com espécies piscícolas predadoras, de que são exemplos mais frequentes na nossa costa, o robalo, a baila e a anchova (e, por vezes, uns agulhas que pagam caro a sua curiosidade).
Quando se pesca directamente na ondulação do mar (que fica junto à “aberta”) já é habitual usarem-se amostras (“raglou”, “red gill”, etc) que imitam peixe miúdo (petinga, biqueirão, etc) e costumam variar em tamanho entre os 8 e os 12 cm. A cor mais usada é o branco/verde (verde na parte dorsal e branco na barriga), verde fluorescente e branco/rosa. As “storms” ou “rapalas” que imitam peixes (a mais famosa é a “storm” que imita uma petinga, de cor azul e cinzento metalizado, muito reflectora) são mais usadas à noite.
O pipo de Bicicleta. |
Outras amostras usadas na Foz.
O mar que considero ideal para o robalo é um mar nem demasiado forte nem demasiado manso.
O mar ideal para corricar ao Robalo.
O material para o corrico convém ser o mais leve possível (dado que passamos muito tempo com o equipamento na mão) e o carreto muito resistente (para puxar constantemente uma chumbada contra a corrente e, por vezes, com lixo agarrado). As canas usadas costumam ter entre 4 a 5 metros, dependendo da altura do ano em que se pesca e do local (dentro da lagoa ou no mar). No inverno e no mar, convém usar canas maiores porque é necessário lançar mais longe e com mais peso.
Na Foz do Arelho costuma usar-se, na maior parte das vezes, uma chumbada entre 60 e 100 gramas (dependendo do estado mar) para lançar a amostra e um “estralho” (fio de ligação da amostra à linha mestra do carreto) com cerca de 3,5 metros (quanto maior a cana, maior o estralho que se pode usar). Em certas situações, tem que se recorrer à bóia de água em vez da chumbada para apanhar robalos (quando eles andam muito à superfície). Pode-se, também, considerar a utilização da bombetes semi afundantes, pois evoluem em meia água e são mais facilmente arrastadas por correntes mais fracas (com mares batidos desaconselha-se o seu uso, pois retornam rapidamente até à beira-mar por acção da forte ondulação). Um substituto muito usado na Foz do Arelho (para as bóias de água da “Buldo” e para as bombetes) é o famoso frasco de cola “pica-pau” (em plástico branco) com água e areia no interior para afundar (além de um cordel com destorcedor duplo na tampa para prender a amostra e a linha mestra do carreto). Torna-se uma solução simples, eficaz e económica.
No final da linha mestra do carreto pode-se colocar um destorcedor duplo com um clip para encalce rápido da chumbada ou da bóia de água. Prende-se depois o estralho ao segundo destorcedor que gira em torno do primeiro (onde se fixa o clip de encalce da chumbada). Alternativamente, pode-se construir um sistema com missangas e um destorcedor simples no meio (ver foto nº3 sff). Estes sistemas evitam que o “estralho” fique embaraçado, situação esta que pode impedir o correcto funcionamento da amostra.
Para além deste equipamento, é essencial ter uns botins de pesca que cheguem ao peito ou um fato de surf ou de mergulho, pois muitas vezes é necessário pescar dentro de água (perto da ondulação) ou atravessar para bancos de areia mais dentro do mar. Neste caso, é imprescindível estar sempre muito atento à ondulação do mar e ás correntes da lagoa, para evitar sermos derrubados. Em suma, o corrico na Foz do Arelho (e noutras rias, estuários e lagoas deste nosso Portugal) é uma pesca adequada a quem gosta de estar “dentro” do mar, sentir a ondulação por vezes até ao peito, andar à procura do peixe e atravessar para bancos de areia isolados onde o homem se envolve com a natureza de forma apaixonante. |
Neste dia era necessário avançar mar a dentro, cerca de 200m.(entre os pontos vermelhos).
......................................................................Os resultados podem ser os melhores.
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